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Vacina da mpox perde eficácia em até um ano, mostram dois estudos

A proteção estimulada pela vacina contra mpox, a varíola dos macacos, tem um prazo de duração muito mais curto do que se imaginava anteriormente. É o que apontam dois estudos que serão divulgados durante o Congresso Europeu de Microbiologia no final de abril, mas foram parcialmente adiantados para a imprensa no sábado (30/3).

Pesquisadores holandeses e suecos atuaram em investigações diferentes que levaram a uma conclusão similar: a vacina aumenta a imunidade, mas por um período reduzido de tempo.

O estudo sueco indicou que há declínio significativo de anticorpos contra o vírus da varíola dos macacos já durante o primeiro mês após a vacinação, especialmente em pacientes que não foram vacinados anteriormente para varíola. Já a pesquisa holandesa apontou que chega a praticamente zero a quantidade de anticorpos em pessoas vacinadas após um ano das aplicações.

A vacina de mpox foi produzida rapidamente no início da epidemia da doença a partir de um vírus atenuado da varíola tradicional. Os programas de vacinação, como o que foi feito no Brasil, aplicaram duas doses de vacina com intervalo de 30 dias. Os imunizantes foram administrados principalmente em homens que fazem sexo com homens, principal grupo de risco no período de surto, em 2022.

O estudo sueco

A investigação avaliou os exames de sangue de 100 homens que receberam a vacina contra a mpox. Os testes foram feitos em quatro oportunidades: antes da aplicação da primeira dose, antes da segunda dose, um mês após e três meses depois do reforço.

Dos imunizados, 67 não tinham vacina anterior contra varíola, 10 não sabiam e 23 tinham sido vacinados. Entre aqueles sem vacinação prévia contra a varíola, menos da metade do grupo apresentou quaisquer anticorpos detectáveis 28 dias após a segunda vacinação.

Os que ainda tinham as células de defesa apresentavam título médio de anticorpos (medida padrão) máximo de 20, enquanto os que eram vacinados anteriormente chegavam a 40.

O estudo holandês

A pesquisa feita na Holanda, embora tenha medido intervalos diferentes, apresentou resultados semelhantes. Apesar de 118 pessoas terem se inscrito para o estudo, apenas 36 retornaram para a consulta um ano após a aplicação da vacina.

Os voluntários que não tinham vacina anterior contra a varíola tiveram uma queda de 10 vezes nos níveis de imunidade em comparação ao que foi registrado quatro semanas após a segunda dose e um ano depois.

Os que tinham vacina anterior para varíola não tiveram quedas, mas foram considerados um grupo muito pequeno para comparação.

Os pesquisadores justificaram a queda da imunidade na própria formulação da vacina. “As primeiras vacinas de varíola, aplicadas na infância dos participantes, tinham vírus que continuam com capacidade de replicação. Como as doses atuais usam vírus atenuado, isso pode ter afetado a força da resposta imunitária, apesar da vantagem de reduzir os riscos de efeitos colaterais”, apontam.

Ainda vale a pena vacinar para mpox?

Embora os resultados apontem que a imunização parece não ser tão efetiva quanto se acreditava anteriormente, os especialistas têm opiniões contrastantes sobre a necessidade de uma terceira dose do imunizante.

Para os holandeses, é preciso avaliar o custo-benefício de seguir aplicando as vacinas após o fim da epidemia da varíola dos macacos. Eles consideram que monitorar casos seria a melhor resposta.

Já para os suecos, pode ser importante pensar um calendário com reforços a longo prazo. “Embora a transmissão de mpox esteja estável em níveis mínimos, deve-se pensar em uma possibilidade de uma terceira dose da vacina para avaliar sua eficácia”, afirma a pesquisadora Klara Sonden, do Instituto Karolinska, da Suécia.

Fonte: Metrópoles

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