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Plano golpista se dividia em núcleos que previam até ataques a militares, diz PF

A investigação da Polícia Federal (PF) sobre suposta tentativa de golpe com a participação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) dá detalhes da engenharia do grupo. Para as autoridades, havia uma organização clara das tarefas. O plano era dividida em seis núcleos.

O “núcleo da desinformação” era responsável por produzir e divulgar notícias falsas, colocando em dúvida a credibilidade da eleição. O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, e o ex-ministro da Justiça Anderson Torres são os principais integrantes:

Produção, divulgação e amplificação de notícias falsas quanto a lisura das eleições presidenciais de 2022 com a finalidade de estimular seguidores a permanecerem na frente de quarteis e instalações, das Forças Armadas, no intuito de criar o ambiente propício para o Golpe de Estado, conforme exposto no tópico “Das Medidas para Desacreditar o Processo Eleitoral” constante na presente representação (atuação do núcleo de desinformação, segundo a PF)

A investigação também mostrou que havia um núcleo só para incitar os militares a apoiarem o golpe. O ex-ministro Braga Netto fazia parte:

Eleição de alvos para amplificação de ataques pessoais contra militares em posição de comando que resistiam às investigadas golpistas. Os ataques eram realizados a partir da difusão em múltiplos canais e através de influenciadores em posição de autoridade perante a “audiência” militar (atuação do núcleo responsável por incitar militares a aderirem ao golpe de Estado)

O “núcleo jurídico” era responsável pelas minutas de decretos para justificar, tecnicamente, ações golpistas. Entre os integrantes, o ex-assessor do governo Bolsonaro Filipe Martins, preso na operação desta quinta-feira (8), e o então ministro da Justiça Anderson Torres:

Assessoramento e elaboração de minutas de decretos com fundamentação jurídica e doutrinária que atendessem aos interesses golpistas do grupo investigado (atuação do núcleo jurídico)

Parte do grupo atuava no “núcleo operacional”. A missão, de acordo com a PF, era manter as manifestações em frente aos quartéis:

Partir da coordenação e interlocução com o então Ajudante de Ordens do Presidente JAIR BOLSONARO, MAURO CESAR CID, atuavam em reuniões de planejamento e execução de medidas no sentido de manter as manifestações em frente aos quartéis militares, incluindo a mobilização, logística e financiamento de militares das forças especiais em Brasília (atuação do núcleo operacional)

O “núcleo de inteligência paralela” contava com o general Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). A função dos integrantes era abastecer Bolsonaro com informações que pudessem ajudar na tentativa de golpe. A investigação aponta que esse grupo monitorou, por exemplo, o deslocamento de Moraes:

Coleta de dados e informações pudessem auxiliar a tomada de decisões do então Presidente da República JAIR BOLSONARO na consumação do Golpe de Estado. Monitoramento do itinerário, deslocamento e localização do Ministro do Supremo Tribunal Federal ALEXANDRE DE MORAES e de possíveis outras autoridades da República com objetivo de captura e detenção quando da assinatura do decreto de Golpe de Estado (atuação do núcleo de inteligência paralela)

Por fim, o relatório da PF apontou o “núcleo de alta patente”, que dava retaguarda para os outros grupos. Na lista dos integrantes, Braga Netto e o ex-ministro da defesa Paulo Sergio Nogueira:

Utilizando-se da alta patente militar que detinham, agiram para influenciar e incitar apoio aos demais núcleos de atuação por meio do endosso de ações e medidas a serem adotadas para consumação do Golpe de Estado (atuação do núcleo de alta patente)

Ainda segundo a investigação, a divisão clara das tarefas tinha o objetivo de impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para manter Bolsonaro no poder.

Fonte: Band

Foto: Reuters

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