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Operações da PF sobre tentativa de golpe e “Abin paralela” se interligam

Uma fala da reunião ministerial de julho de 2022 chamou a atenção de agentes da PF que investigam a chamada “Abin paralela”. O então ministro chefe do gabinete de segurança institucional, Augusto Heleno, falou sobre o uso da Agência Brasileira de Inteligência para, o que investigadores entendem ser, o uso ilegal do aparelho de espionagem do estado para monitorar campanhas adversárias. 

“Eu já conversei ontem com o victor (carneiro), novo diretor da abin, e nós vamos montar um esquema para acompanhar o que os dois lados estão fazendo. O problema todo disso é que se vazar qualquer coisa. A gente se conhece nesse meio, se houver qualquer acusação de infiltração desses elementos da Abin”.

Jair Bolsonaro, então, interrompe: “General, eu peço que o senhor não fale, por favor. Não prossiga mais na tua observação aqui. Eu peço que não prossiga na tua observação, a gente conversa no particular o que por ventura a Abin está fazendo”.

Fontes da investigação afirmam que a apuração sobre a tentativa de golpe e o uso da Abin para monitorar autoridades acabam se interligando.

Dias depois da reunião ministerial, integrantes de equipes de campanhas adversárias teriam passado a ser rastreados. O ex-presidente disse que não tinha participação no suposto monitoramento de campanha pela Abin e atribuiu ao General Heleno decisões sobre o trabalho de inteligência. 

O levantamento dos espionados ainda está sendo feito, mas a PF já identificou que dirigentes do PT, de Lula, e do PDT, de Ciro Gomes foram monitorados durante a campanha de 2022.

O núcleo bolsonarista queria saber quem eles encontravam e o que preparavam. No mês de julho de 2022, Lula tinha uma vantagem sobre Bolsonaro, segundo as principais pesquisas, o que preocupava o entorno do presidente.

 No começo do mês, o Jornal da Band revelou com exclusividade que, entre os monitorados pela “Abin paralela”, estão deputados, senadores, ministros do supremo e até ministros de estado do governo Bolsonaro. 

O esquema teria sido chefiado por Alexandre Ramagem, diretor da Abin no governo passado. Mas depois que Ramagem se afastou para concorrer a eleição, a arapongagem teria continuado, de acordo com a investigação.

A PF e a Controladoria-Geral da União não têm prazo para concluir o levantamento de monitorados. São cerca de 1400 pessoas. Mas a prioridade é preparar a lista de parlamentares espionados, solicitada ao supremo por Rodrigo Pacheco, presidente do Congresso.

Fonte: Band / Foto: Marcelo Camargo

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