A facilidade de acesso e a promessa de dinheiro rápido impulsionam a popularidade dos jogos de azar
O fácil acesso a smartphones e plataformas de jogos tem contribuído significativamente para a disseminação das apostas esportivas digitais no Brasil. Chamada de “bets” ou “jogo do tigrinho”, essa prática tem gerado grande preocupação, especialmente por seu impacto negativo na vida de pessoas em situação de vulnerabilidade, que se deixam seduzir por anúncios e promessas de ganhos financeiros rápidos e fáceis.
Por aparentarem ser uma brincadeira inofensiva, tais jogos podem desencadear comportamentos de dependência, além de problemas como depressão, ansiedade e isolamento social. Isso acontece porque os estímulos ativam o sistema de recompensa do cérebro. Ou seja, a cada vitória, há a liberação de dopamina, neurotransmissor responsável pela sensação de prazer e motivação, criando um ciclo vicioso que pode ser difícil de interromper.
De acordo com Lavínia Batista, psicóloga e professora do curso de Psicologia do UNINASSAU – Centro Universitário Maurício de Juazeiro do Norte, a obsessão torna-se problemática quando a necessidade de jogar se torna compulsiva, levando à perda de controle sobre o tempo dedicado à atividade e prejudicando tarefas do dia a dia. “Quando uma pessoa passa a priorizar os jogos em detrimento de outras responsabilidades, como trabalho, estudos ou relações pessoais, e isso gera sofrimento significativo em diversos aspectos da vida, podemos identificar um vício”, afirma.
Além do prejuízo financeiro, o comportamento compulsivo pode provocar sintomas de ansiedade, estresse, irritabilidade, isolamento social, distúrbios do sono e alterações de humor, além de impactos negativos nas vidas pessoal, social e profissional. Para a psicóloga, a sensação de fuga e alívio emocional proporcionada pelos jogos são os principais incentivos para a dependência.
O vício em jogos de apostas pode ser comparado a outras formas de dependência, como as relacionadas com drogas, álcool e compras compulsivas. Por isso, o tratamento envolve um conjunto de abordagens, desde acompanhamento psicológico para identificar gatilhos e tratar comportamentos obsessivos até o uso de medicamentos e acompanhamento psiquiátrico. “Existem várias formas de tratamento na psicologia. Em uma abordagem comportamental, por exemplo, é preciso conscientizar o indivíduo, aos poucos, para que ele possa sair do ciclo vicioso”, afirma Lavínia.