Segundo o relatório da Polícia Federal (PF) divulgado nesta terça-feira (26), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não assinou a minuta de decreto para um golpe de Estado em 2022 devido à ausência de adesão do Alto Comando do Exército Brasileiro. O documento revela que Bolsonaro buscou apoio entre líderes militares de alto escalão, mas encontrou resistência, levando-o a hesitar diante da possibilidade de ser preso.
Fatores que barraram o golpe
O relatório destaca que o Alto Comando do Exército, juntamente com os chefes da Aeronáutica, permaneceu fiel aos princípios do Estado Democrático de Direito. Sem o respaldo das Forças Armadas, Bolsonaro optou por não formalizar o golpe. A PF aponta que ele também temia as consequências legais, o que teria motivado sua decisão de não ratificar o decreto.
Outros detalhes revelados pelo relatório:
Fuga do país (pg. 79): Bolsonaro teria deixado o Brasil no final de 2022 para evitar prisão, após não conseguir apoio militar para efetivar o golpe. A ideia era aguardar os desdobramentos dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
Tanques de prontidão (pg. 645): Mensagens entre aliados mencionavam tanques sob comando do então líder da Marinha, almirante Almir Garnier Santos. Contudo, diálogos posteriores demonstraram incerteza sobre a informação.
“Lula não sobe a rampa” (pg. 752): O plano descrito em papéis relacionados à chamada “Operação 142” indicava que a posse de Lula seria bloqueada.
Contexto e impacto
O relatório aponta uma trama coordenada para impedir a transição de poder após a vitória de Lula (PT). No entanto, a resistência das Forças Armadas e o medo de retaliações legais impediram Bolsonaro de avançar.
Caso o STF acate uma denúncia contra o ex-presidente, ele poderá responder como réu e enfrentar medidas como prisão preventiva ou uso de tornozeleira eletrônica.