A niacina, também chamada de vitamina B3, é conhecida por fornecer energia para o corpo e contribuir para a redução do cansaço. Ela é constantemente encontrada em alimentos fortificados e, também, na forma de suplementos alimentares. No entanto, um estudo recente descobriu que o seu excesso pode estar relacionado a um maior risco de infarto e AVC (Acidente Vascular Cerebral).
Publicada na segunda-feira (19) na Nature Medicine, a pesquisa analisou amostras de sangue de 2.331 adultos nos Estados Unidos e 832 na Europa. Os participantes também se submeteram a exames cardiovasculares. O objetivo era encontrar metabólicos (produtos restantes de processos metabólicos, como a digestão) nas amostras de sangue. Também foram rastreados eventos cardíacos como infarto e derrame entre os participantes, durante um período de três anos.
Os pesquisadores descobriram que pessoas com níveis elevados de um metabólito chamado 4PY tinham cerca de 60% mais probabilidade, em média, de sofrer derrame ou infarto em comparação com aqueles com níveis mais baixos. Essa substância aparece no organismo a partir da decomposição do excesso de vitamina B3 no corpo.
De acordo com os cientistas e com estudos anteriores, o metabólito 4PY pode levar à inflamação vascular, o que é um fator de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Para os autores, o estudo poderá fornecer uma base para novas intervenções e tratamentos para reduzir ou prevenir essa inflamação.
“O que é empolgante sobre esses resultados é que esse caminho parece ser um contribuinte anteriormente não reconhecido, mas significativo, para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares”, disse Hazen, presidente de Ciências Cardiovasculares e Metabólicas do Lerner Research Institute da Cleveland Clinic e um dos autores do estudo. “Além do mais, podemos medi-lo, o que significa que há potencial para testes de diagnóstico. Esses insights preparam o terreno para o desenvolvimento de novas abordagens para neutralizar os efeitos desse caminho.”
Para o pesquisador, as descobertas são importantes para discutir se alimentos devem continuar sendo fortificados com vitamina B3 — o que é bastante comum nos Estados Unidos — e enfatizar a necessidade de consultar um profissional de saúde antes de suplementar a niacina. Além disso, o novo estudo reforça os motivos pelos quais a vitamina B3 parou de ser prescrita para reduzir o colesterol ruim.
“Os efeitos da niacina sempre foram um tanto paradoxais”, diz Hazen. “Acreditamos que nossas descobertas ajudam a explicar esse paradoxo. Isto ilustra por que a investigação do risco cardiovascular residual é tão crítica; aprendemos muito mais do que pretendíamos descobrir”, completa.
Os autores do estudo ressaltam que são necessárias mais pesquisas de longo prazo para avaliar o efeito do aumento crônico dos níveis de 4PY na aterosclerose e em outras condições cardiovasculares.
Fonte: CNN
Foto: Thana Prasongsin/GettyImages