Neste mês, celebra-se o Dezembro Vermelho, uma campanha dedicada à conscientização sobre o HIV/aids. Nos últimos dez anos, a mortalidade pela doença no país caiu 25,5%, graças ao aumento do acesso a medicamentos e testes rápidos, segundo a Unaids Brasil, programa realizado em parceria com a Organização das Nações Unidas (ONU). Contudo, o Ministério da Saúde alerta que, em 2023, cerca de 8% das pessoas diagnosticadas não iniciaram o tratamento, essencial para controlar o vírus e prevenir a transmissão.
No Ceará, segundo o boletim mais recente da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), elaborado pela Secretaria de Vigilância em Saúde (Sevig) e publicado em 29 de novembro, de janeiro de 2015 a outubro de 2024, foram notificados 18.987 casos de HIV em adultos, 9.720 casos de aids e 63 casos de aids em menores de 5 anos.
Em relação à infecção pelo HIV em gestante, parturiente ou puérpera, foram notificados 2.206 casos, até o segundo ano do parto. As taxas de detecção de HIV em adultos têm sido superiores às taxas de detecção de aids nos últimos dez anos, demonstrando um reflexo da ampliação do diagnóstico precoce. Somente em 2024, foram registrados 1.484 casos de HIV e 703 casos de aids em adultos e até o momento não houve registro de casos em crianças.
De acordo com o infectologista Gabriel Hypólito, da Hapvida NotreDame Intermédica, a transmissão do HIV pode ocorrer de três maneiras: vertical (passagem do vírus da mãe para o bebê durante a gestação, parto ou amamentação), sexual e parenteral (injetado no organismo por meio de seringas ou agulhas compartilhadas).
Embora ainda não exista cura, o acompanhamento médico regular e o uso contínuo de medicamentos permitem que a pessoa com HIV tenha uma vida normal. O médico Gabriel explica que todo o tratamento é fornecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e que a Hapvida tem investido cada vez mais no acolhimento dos seus beneficiários.
“Seja no diagnóstico, nos serviços ambulatoriais ou na parte hospitalar, o paciente é informado sobre todo o passo a passo do tratamento e recebe desde o começo o apoio de que precisa para acreditar no tratamento e na qualidade de vida que ele pode ter mesmo com a doença”, destaca Gabriel. O infectologista acrescenta que a interrupção do tratamento pode resultar no agravamento da condição e no risco de doenças oportunistas.
A rede de apoio, como a família e os amigos, também é essencial para o sucesso do tratamento, além de exercer importante papel no enfrentamento aos estigmas, aos preconceitos e à desinformação. O HIV/aids, apesar de grave, pode ser controlado com o acompanhamento adequado.
A prevenção continua sendo crucial. Os preservativos durante as relações sexuais e os medicamentos como a PrEP (Profilaxia Pré-Exposição, indicada para as pessoas em risco aumentado para a infecção pelo HIV) e a PEP (Profilaxia Pós-Exposição, indicada em até 72 horas após a exposição a uma situação de risco para a infecção pelo HIV, como relação sexual desprotegida, violência sexual ou acidente com materiais perfurocortantes) são estratégias eficazes contra a infecção, além da importância do diagnóstico precoce.