O pastor Silas Malafaia, uma das principais figuras evangélicas e forte apoiador de Jair Bolsonaro (PL), expôs publicamente as divisões dentro da direita brasileira, criticando duramente o ex-presidente e aliados próximos, como Nikolas Ferreira (MG), Marco Feliciano (SP) e Magno Malta (ES), todos do PL.
As críticas de Malafaia focaram no comportamento de Bolsonaro durante as recentes eleições municipais, especialmente em São Paulo e Paraná. O pastor reprovou o apoio ambíguo de Bolsonaro a candidatos adversários, como o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), e Pablo Marçal (PRTB). Em São Paulo, Bolsonaro formalizou apoio a Nunes, mas também fez elogios públicos a Marçal. No Paraná, apesar de indicar o vice da chapa de Eduardo Pimentel (PSD), o ex-presidente ainda flertou com o apoio à adversária, Cristina Graeml (PMB).
Malafaia afirmou que essas atitudes minam a confiança em Bolsonaro como líder político. “Um político é reconhecido por seus posicionamentos. Qual foi a sinalização que o Bolsonaro passou? ‘Eu não sou confiável em meus apoios políticos’. Quem vai fazer aliança com um cara que não é confiável?”, declarou em entrevista à Folha de S. Paulo. Ele ainda chamou a postura de Bolsonaro em São Paulo e no Paraná de “vergonhosa” e disse que o ex-presidente foi “covarde” e “omisso”, preocupado mais em manter seu apoio nas redes sociais do que em tomar decisões firmes.
O pastor também revelou ter enviado uma mensagem direta a Bolsonaro criticando seu apoio a Marçal, que chamou de “canalha” por tentar dividir a direita e o voto evangélico. Ele desafiou Bolsonaro e seus filhos a se posicionarem sobre as eleições em São Paulo, acusando-os de “silêncio” sobre o tema.
Bolsonaro, por sua vez, havia dito anteriormente que seu apoio a Ricardo Nunes em São Paulo não era o “candidato dos sonhos”, mas que tinha um compromisso com a coligação. Ao mesmo tempo, fez elogios a Pablo Marçal, apontando sua inteligência e virtudes, embora tenha destacado a falta de experiência do candidato.
As críticas de Malafaia expõem as rachaduras que vêm se formando dentro da base bolsonarista, principalmente no momento em que Bolsonaro parece hesitar em firmar compromissos políticos claros, uma postura que o pastor atribui ao medo de perder seguidores nas redes sociais.
O impacto dessas divisões dentro da direita pode ter consequências importantes para o futuro político de Bolsonaro e de seus aliados, especialmente em um momento de reconfiguração das lideranças conservadoras no Brasil.