Ney Conceição compôs música em homenagem à região. Mauricio Carrilho relembrou os caririenses Sátiro Bilhar e Zé Menezes. Confira depoimentos
O Festival Choro Jazz, que acontece há 15 anos em Fortaleza e Jericoacoara, aconteceu pela primeira vez à região sul do Ceará, no Centro Cultural do Cariri, no Crato, com oficinas entre os dias 17 e 19 e shows de sexta-feira, 20/9, a domingo, 22/9, no Centro Cultural do Cariri, na cidade do Crato.
Artistas participantes do festival e que se deslocaram de Fortaleza ou de outros estados para a região Sul do Ceará destacaram a alegria e a emoção de estar no Cariri, ressaltando a identidade cultural e artística da região e celebrando a oportunidade de se apresentar para um novo público.
É o caso do contrabaixista, arranjador, compositor e diretor musical Ney Conceição, que era só sorrisos durante seu show na noite de sexta-feira, 20/9. Ney concedeu entrevistas a diversos veículos de comunicação e falou sobre a sensação de retornar à região, à qual costumava vir com frequência, tocando com a cantora Elba Ramalho.
“É a primeira vez que trago o meu show solo, o trabalho com o meu nome à frente, e é uma alegria. Trago muitas recordações ótimas do Cariri”, disse Ney, que tocou por muito tempo com João Bosco e que, no Festival Choro Jazz, apresentou o show Baile do Ney, ao lado de uma “all-star band”, de grandes craques, como José Arimateia no Trompete, Erivelton Silva na bateria, Monica Avilla no saxofone, Adaury Mothe no teclado.
Ney destacou que compôs uma música no Cariri, em uma visita anterior. A faixa se chama “Cariraço” e fez parte do repertório do show que manteve o público dançando o tempo todo, na noite de sexta-feira, depois das apresentações dos caririenses Fabricio da Rocha e Júnior Crato e dos gaúchos do Quartchêto.
Ricardo Arenhaldt, do grupo Quartchêto, do Rio Grande do Sul, também celebrou a oportunidade de visitar o Cariri e, mesmo tendo enfrentado uma longa viagem, cruzando o País, do pampa à Chapada do Araripe, fez questão de também participar de todos os momentos, incluindo, além do show nesta sexta e da passagem de som, também diversas entrevistas e conversas nos bastidores.
“Foi uma alegria estar no Cariri, poder participar do Choro Jazz, trazer para o público daqui a nossa música, o nosso trabalho que fazemos já há 22 anos”, disse o baterista e percussionista, que comandou a comunicação com o público, durante o show marcado tanto pelo brilhantismo na performance quanto pelo bom-humor no diálogo com a plateia.
Julio Rizzo, trombonista do Quartchêto, foi outro que ressaltou o prazer de estar no Cariri e aproveitou para trocar figurinhas com um colega de instrumento: o trombonista sobralense Tchesco Carvalho. “Tchesco é uma referência nacional no trombone. Um músico admirável. Acompanho a carreira dele com muita atenção, vibrando muito, porque é um grande músico”, destacou, agradecendo ao festival pela oportunidade desse encontro.
Outros artistas que vieram do Rio Grande do Sul, cruzando o País rumo aos verdes vales caririenses, foram o mestre Gilberto Monteiro, de 71 anos, com Gustavo Maroto e a Sucinta Orquestra, formada pelo Quarteto de Cordas de Porto Alegre, com as “gurias” Clarissa Ferreira (violino), Miriã Freitas (violino), Gabi Vilanova (viola) e Luyra Dutra (violoncelo). Delas, apenas Luyra é uma mineira “infiltrada” em meio aos gaúchos.
Gustavo destacou a satisfação em poder participar do festival pela segunda vez, sendo a primeira vez de todos e todas na região do Cariri. Além de conhecer a região, com destaque para o município do Crato, onde acontecem os shows do festival e onde o grupo ficou hospedado, Gustavo Garoto enfatizou a oportunidade de dialogar com os caririenses e com cearenses de outros municípios, em momentos de bastidores, como o almoço e a preparação para entrevistas.
Ele e os integrantes do grupo trocaram ideias com outros participantes do festival sobre os mestres da cultura do Cariri, sobre a tradicional Festa do Pau da Bandeira de Santo Antônio de Barbalha, sobre artesãos e luthiers de instrumentos como rabecas, sobre outros eventos culturais no Cariri e possíveis oportunidades para o grupo, já pensando em um regresso. O grupo tocou ao vivo para todo o Estado em uma entrevista ao vivo na televisão, mostrando de forma acústica sua mistura de música nativa e música de concerto, com a tradicionalíssima “Milonga para as missões”.
Carlinhos Patriolino, de Fortaleza, bandolinista, guitarrista e compositor, filho do grande chorão Carlos Patriolino, foi outro a apontar a alegria em poder participar desta primeira edição do festival Choro Jazz no Cariri. “É muito bom estar aqui, sempre. E ainda mais em um festival com tantos músicos incríveis, tantos shows que a gente quer assistir, colegas que a gente quer encontrar, rever, trocar ideia… Parabéns ao Capucho (diretor e idealizador do festival) pela chegada do Choro Jazz ao Cariri”.
Carlinhos Patriolino fez eco ao pedido dos participantes das oficinas de música do festival. “Que o festival chegue pra ficar e passe a acontecer todo ano, também no Cariri”.
Mauricio Carrilho, mestre do violão e do choro, integrante do grupo O Trio, ministrou oficinas de choro, de terça a quinta-feira, e lembrou que o compositor do clássico choro “Tira poeira” é nascido no Crato, Sátiro Bilhar. Muitos estudantes das oficinas conheciam a música, mas não sabiam que seu autor havia nascido no Cariri. Ele também respondeu a perguntas sobre Zé Menezes, nascido na cidade de Jardim, músico que fez história, autor de clássicos como a música-tema do programa Os Trapalhões e o clássico bolero “Nova ilusão”, regravado por um sem-número de intérpretes, ao longo de várias décadas. O Cariri é inspirador, também para os artistas do Festival Choro Jazz.