Inflação de carnes pressiona empreendedores por reajustes nos cardápios

Somente em outubro, o preço das carnes subiu 5,81%, registrando a maior alta em quatro anos.

Expectativa é que o preço do insumo continue subindo em 2025

De norte a sul do Brasil, donos de restaurantes enfrentam dificuldades para ajustar
seus negócios ao aumento expressivo dos preços das carnes, em especial da bovina.
Somente em outubro, o preço das carnes subiu 5,81%, registrando a maior alta em
quatro anos.
Nos últimos 12 meses, o aumento foi de 5,81%, superando a média da inflação geral,
de 4,76%. A expectativa é de que, no último trimestre de 2024, o preço suba mais
7,9%, e continue acelerando em 2025.
Esse cenário é reflexo de uma combinação de fatores. Um dos principais é o aumento
de 33% no preço do boi gordo nas fazendas, impulsionado pela escassez de gado,
agravada por uma seca severa que prejudica as pastagens.
Além disso, o crescimento das exportações brasileiras de carne bovina, favorecido
pela desvalorização do real, intensifica a concorrência com o mercado interno, o que
eleva ainda mais os preços para o consumidor brasileiro.
Lucas Aguiar, proprietário da Di Casa Churrascaria, em Macapá, descreve a
dificuldade em adaptar o cardápio ao aumento constante dos preços.
“O que mais chama atenção é o aumento da carne bovina, que tem mudanças nos
preços toda semana. Acompanhar essa constante crescente nos valores atrapalha na
precificação do produto final”, diz.
Para amenizar o impacto, Lucas optou por reajustar inicialmente os preços de bebidas
e sobremesas, mas terá de aumentar o preço das carnes em dezembro.
Na outra ponta do Brasil, Áureo Martinez, fundador da Usina de Massas em Porto
Alegre, tenta segurar os reajustes ao máximo. “Temos uma política de não aumentar
cardápio com muita frequência. É claro que isso tem um limite que conseguimos
absorver”, explica.
Contudo, Áureo já nota que clientes estão restringindo suas visitas ao restaurante para
ocasiões especiais, o que reflete a cautela com o orçamento em meio à inflação
crescente.
Lucas tem percebido que muitos clientes, antes frequentadores regulares, agora
reservam a churrascaria para momentos especiais.
A percepção é similar no restaurante de Áureo em Porto Alegre, onde ele identifica um
público cada vez mais seletivo, que prefere escolher momentos específicos para
consumir fora de casa.

Para os empreendedores de todo o Brasil, esse cenário de aumento contínuo nos
preços impõe a necessidade de soluções criativas. Lucas investiu em ajustes
logísticos, firmou parcerias com fornecedores locais para reduzir custos e agilizar a
reposição de produtos.
Mesmo com essas adaptações, a expectativa de alta nos preços das carnes para
2025, com previsão de até 16,1% para bovinos, apresenta um desafio de longo prazo
para restaurantes de todo o país.
Os donos de estabelecimentos do setor precisam, assim, equilibrar a sustentabilidade
financeira de seus negócios com a necessidade de preservar a fidelidade dos clientes.

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